Espírito Democrático

Resolvi criar esse espaço para poder divulgar minha opinião como representante sindical aqui no Comando Nacional de Greve da Fasubra Sindical - 2011. Aproveitando o acesso mundial da rede de computadores que facilitará e democratizará à informação detalharei cada passo meu, cada trabalho do CNG e disponibilizarei todas as novidades em primeira mão para os trabalhadores da Universidade Federal do Acre.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A trajetória da bala

A economia mundial parece ferida de morte desde a crise de 2008/2009.

Ganhou sobrevida em 2010. Mas com gastos estatais que endividaram governos de países ricos. Agora, Estados, consumidores e bancos estão afundados em débitos.

O endividamento é a origem da crise. Ele só aumentou. É como um tiro de misericórdia.

No quadro acima, os principais ciclos recessivos das últimas décadas nos EUA.

Se os EUA afundarem de novo, uma correia de transmissão será acionada.

Simplificando: EUA são os maiores consumidores do mundo; vão comprar menos da China; que comprará menos matérias primas de países como o Brasil.

No pós anos 1960, o ciclo de crise atual é o que mais se aproxima, perigosamente, do da década de 1980. Naquele período os EUA viveram uma crise em forma de "W", ou de "double-dip" (de duplo mergulho recessivo).

Para entender os gráficos, tome-se "t" como o segundo trimestre de 2009 do atual ciclo (linha vermelha). Transporte os outros ciclos para outras décadas, tendo o mesmo "t" como um fosso na maioria delas.

Note-se que só a linha marrom (a crise dos anos 1980) caiu duas vezes abaixo de zero (na comparação tri./tri).

A trajetória do atual ciclo vai por esse caminho. E estão quase esgotados os instrumentos usados de forma desesperada em 2008/2009 (gastos públicos recordes, corte de juros, inundação de dinheiro barato).

Nos dois quadros abaixo, a mesma trajetória
O da esquerda faz um "zoom" sobre o atual ciclo nos EUA. Pois o consumo no país responde por cerca de 70% da formação do PIB. No caso da demanda por bens duráveis (linha vermelha) o "double-dip" já ocorreu. A linha azul está quase lá.

No quadro à direita, observe-se a produção industrial nos EUA, na média dos 17 países que têm o euro como moeda e no Japão. O sentido das linhas é o mesmo (no caso japonês, a "taquicardia" vem do tsunami do início do ano).

Infelizmente, os próximos dois quadros não são animadores.

O da esquerda mostra a demanda por crédito. O crédito é o único combustível para o consumo que sobrou entre os habitantes do mundo rico. Pois a renda estagnou ou caiu e o desemprego segue elevado. Também por isso a busca por financiamentos (e mais dívidas) é baixa.

Já o quadro à direita é assustador.

Ele mostra como bancos de alguns países da Europa passaram a sofrer com a fuga de correntistas, cada vez mais desconfiados da sobrevivência dessas instituições.

Isso acontece justamente aos bancos de países mais fragilizados pela crise de endividamento do setor público (Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha). Os bancos são credores desses países, hoje em dificuldade para honrar dívidas.
Na semana passada, a notícia mais negativa (entre tantas outras) na praça mundial foi que o BCE (Banco Central Europeu) precisou socorrer um banco em dificuldades. A saída de correntistas só agrava o cenário geral.

No último quadro (á dir.), uma tendência positiva para os emergentes. São eles que garantirão, neste ano, algum crescimento global ainda decente.

São os emergentes que hoje também carregam o maior volume de reservas no mundo. É sua poupança para tempos difíceis.

E ela potencializará seu crescimento quando a atual crise assentar. Mas isso ainda deve demorar.

Vai depender da trajetória das linhas acima.

Fernando Canzian é repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Ganhou um Prêmio Esso em 2006 e é autor do livro "Desastre Global - Um ano na pior crise desde 1929". Escreve às segundas-feiras na Folha.com.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/fernandocanzian/961753-a-trajetoria-da-bala.shtml

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