Espírito Democrático

Resolvi criar esse espaço para poder divulgar minha opinião como representante sindical aqui no Comando Nacional de Greve da Fasubra Sindical - 2011. Aproveitando o acesso mundial da rede de computadores que facilitará e democratizará à informação detalharei cada passo meu, cada trabalho do CNG e disponibilizarei todas as novidades em primeira mão para os trabalhadores da Universidade Federal do Acre.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

MEU CABELO É RUIM


MEU CABELO É RUIM

A afirmativa do título deste texto é de propósito e tem a finalidade de trazer o debate do racismo velado que acontece no dia-dia em nossa sociedade. E muitos não dão conta de como uma simples afirmação se torna um tanto racista, pois o estereótipo de beleza “padrão, perfeita, ideal” está inserido na mente das pessoas tendo como referencial os aspectos físicos europeu. E isso não é por acaso.

Um vídeo no youtube que tem quase 9 mil acessos é protagonizado por um negro de cabelo “a la africano”. Ele pergunta aos entrevistados: “meu cabelo é bom ou é ruim”? A resposta das pessoas olhando aquele cabelo rastafári no estilo mais africano possível é SIM, seu cabelo é ruim. E o negro faz outra pergunta: “O que é um cabelo ruim para você”? A resposta de uma negra é direta: “é um cabelo duro, que precisa alisar que dá trabalho”. Em seguida a repórter pergunta para a negra entrevistada: Seu cabelo é bom ou é ruim? A afro-brasileira responde na “bucha”. É ruim! E o repórter insiste: E o que é um cabelo bom? “A negra afro-brasileira segue dizendo é um cabelo liso que não precisa de química é só lavar, balançar”.

E a reportagem segue. Numa roda de várias pessoas, entre brancos e negros, o repórter faz a seguinte pergunta a todos na roda: “O que o cabelo fez para ser chamado de ruim”? Várias respostas foram dadas pelos participantes. “não sei; Só por que ele é feio;porque já nasce ruim”. E aí uma resposta ecoa no meio do vídeo. “é preconceito, um acha feio aqui outro lá acha bonito”.

E as perguntas continuam na roda. O que é um cabelo que nasce ruim? A resposta de um senhor branco aparentando uns setenta anos foi direta. “é o cabelo que veio da áfrica”. Um outro senhor aparentemente na mesma faixa etária de idade responde: “é o cabelo de preto”. Veja que as duas respostas estão relacionadas ao “modelo” europeu de beleza produzindo um racismo as belezas peculiares dos negros africanos. Outro senhor na roda diz: “aí não, aí é preconceito”.

Ao final do vídeo o ex-jogador de futebol Dada Maravilha foi entrevistado no momento que comia um pão de queijo numa padaria. E o repórter perguntou ao ex-jogador de futebol: Seu cabelo é bom ou ruim? Dada, como um negro de estima elevada responde valorizando suas raízes: “meu cabelo é o melhor do planeta terra. Eu adoro meu cabelo”.

Portanto, senhoras e senhores, as origens do processo de produção e reprodução do racismo remontam o contexto histórico de afirmação da supremacia racial branca durante quase quatro séculos em que o país conviveu com a escravidão, esse processo foi reafirmado em novas bases após a abolição. A teoria do branqueamento reorganizou a leitura da hierarquia racial na sociedade brasileira e a tese da democracia racial já se fazia hegemônica reproduzindo a discriminação mais ou menos com mecanismos sutis, restringindo o lugar social dos negros e operando mecanismos de exclusão.

Cada povo tem sua cultura, demonstra suas belezas e peculiaridades naturais, não há um modelo que seja melhor ou pior, mais bonito ou feio. Nos últimos anos ações no campo da educação e no mercado de trabalho têm sido igualmente adotadas, visando limitar a reprodução de estereótipos e comportamentos que afetam o acesso as oportunidades iguais e a possibilidade de seu usufruto. Por isso temos valorizar cada vez nossa cultura e história negra. Abaixo todo tipo de racismo nesse país tão multicultural e povoado por diversas nações. E meu cabelo é duro e daí? Meu cabelo é enrolado e daí? Não preciso alisar coisa nenhuma. Sou feliz com ele da maneira como ele é, pois ele representa minhas origens e delas eu não abro mão.

Charles Brasil
Coordenador de Raça e Etnia da Fasubra Sindical
Vice Presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial – Compir
Rio Branco/Acre
Técnico Administrativo em Educação da UFAC



 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sindicalismo: Uma Paixão Filosófica



Muitos foram os direitos conquistados, a sangue e suor, ao longo dos tempos pela classe trabalhadora, tanto no Brasil como no mundo. Não vou citar nenhum para não causar nenhuma discordância com o leitor, pois alguns foram conquistados e os trabalhadores gozam até hoje desses direitos, porém outros, embora “conquistados” ocorreu uma “mutação” ou “cassação” desses direitos. É desse ponto que gostaria de tratar nesse texto, da conjuntura atual que os trabalhadores estão vivenciando, onde no movimento sindical as bandeiras são pautadas na “ampliação e manutenção dos direitos já conquistados”.
Defender com paixão aquilo que acreditamos faz parte da essência de algumas pessoas, e não adianta que ela não será expressa tão somente no microfone, ou seja, há uma lacuna enorme entre o discurso e a prática. Pois, muitos bons oradores fazem a plateia chorar, se emocionar, conduzem e fazem a mesma pensar a maneira como lhes é interessante e conveniente, é uma arte falar em público.
Porém há um enorme vácuo, um enorme buraco entre o discurso e a prática, pois sem a última a primeira é morta. É como um sino, só faz soar e logo se vai com o tempo como uma vela acesa. É de suma importância equilibrar as duas coisas, julgar o (a) sindicalista pelas duas coisas, caso contrário podemos estar cometendo um grave erro.
Ora, é sabida uma coisa, que quando uma pessoa se propõe a fazer um determinado trabalho (missão), sendo esta pessoa apaixonada naquilo que faz certamente o trabalho sairá a contento. O contrário também é verdadeiro, as pessoas que por diversos motivos e/ou interesses se propõem a fazerem algo com um pensamento singular não conseguem êxitos em sua missão.
Sindicalismo é plural, é uma instância de deliberação dos interesses do conjunto dos trabalhadores e não de uma determinada pessoa. Sindicalismo quando realizado movido pela paixão, pelo fazer coletivo, pelo sangue na veia inconformado com as injustiças sociais, é uma ferramenta poderosa nas mãos dos trabalhadores. Nossa missão é debater coletivamente com a categoria seus problemas e retirar os encaminhamentos políticos, administrativos e judiciais necessários para resolver os problemas.
Estamos vivendo uma conjuntura onde os trabalhadores estão pautando a permanência de direitos já conquistados com sangue e suor de muitos (as) guerreiros (as), onde na verdade deveríamos estar pautando a ampliação de direitos ainda não conquistados. É claro, que não podemos baixar a “espada” independente de qualquer governo que esteja no poder. Nossa luta é árdua, contínua e duradoura, não há fronteiras e nem limites para a ampliação dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade.

Charles Brasil
Conselheiro Universitário da UFAC
Contador - Técnico Administrativo em Educação da UFAC
Vice Presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Rio Branco - COMPIR
Vice Presidente do Sintest-ac
Coordenador de Raça e Etnia da Fasubra Sindical
Acadêmico do 4º ano do Curso de Direito da FAAO