Espírito Democrático

Resolvi criar esse espaço para poder divulgar minha opinião como representante sindical aqui no Comando Nacional de Greve da Fasubra Sindical - 2011. Aproveitando o acesso mundial da rede de computadores que facilitará e democratizará à informação detalharei cada passo meu, cada trabalho do CNG e disponibilizarei todas as novidades em primeira mão para os trabalhadores da Universidade Federal do Acre.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sindicalismo x Peleguismo


A organização dos trabalhadores brasileiros tem dado, nos últimos anos, demonstrações seguidas de compreensão da realidade social, política e econômica nacional. Diante da crise financeira que se espalhou pelo mundo e ameaça o Brasil com retrocesso no processo de crescimento ao qual finalmente havia se engajado, o movimento adotou uma postura correta de defesa do emprego e do poder aquisitivo, ativo precioso para que o País possa enfrentar as dificuldades atuais.

O líder sindical não pode estar desconectado com a realidade da instabilidade econômica mundial que atualmente os países mais ricos estão vivendo. A negociação salarial dos trabalhadores não pode deixar de ser feita, porém, os trabalhadores não podem se olvidarem da crise econômica que vive o mundo. O momento delicado atual pode até ser um argumento usado pelo governo para não atender no momento toda a pauta de reivindicação dos trabalhadores, mas é inadmissível aceitar que os trabalhadores não tenham nenhum ganho real imediato nos seus salários que com o passar dos anos corroeu como a ferrugem.

Além da crise temos que estar atento aos pelegos que estão infiltrados no movimento e que trabalham para blindar os patrões. Os pelegos são lobos vestidos de cordeiro, parecem estarem atuando em “defesa dos interesses dos trabalhadores”, mas na verdade estão atuando em defesa dos patrões.

O PELEGUISMO nasceu no Brasil durante o Estado Novo (1930-1945) como parte da política nacionalista de Getúlio Vargas. O termo deriva de "pelega", o líder sindical que mediava entre os interesses do estado e as reivindicações dos operários. Este tinha por missão apresentar as medidas governamentais aos operários de um modo convincente. Para tanto invocava os interesses da nação. Em suma, o sentimento nacionalista tinha primazia sobre os interesses dos operários. Deste modo conseguia-se a paz social com a conivência da classe operária.

O sindicalismo legítimo é aquele que é coerente em suas escolhas, é aquele que representa os interesses dos trabalhadores, independente do partido político que esteja no poder, sua filiação partidária ou definição ideológica. Representar uma categoria de trabalhadores é um sacerdócio que deve ser encarado como um grande desafio abnegado. O representante vive em prol dos representados, onde os interesses particulares devem ser colocados na gaveta e se debruçar nos interesses dos trabalhadores. Servir deve ser o verbo conjugado cotidianamente pelo representante dos trabalhadores.

Estamos vivendo um momento delicado com a crise mundial assolando as nações, bem como, o engessamento dos movimentos sociais, movimentos estes que foram responsáveis - em décadas anteriores - pelas transformações ocorridas na nossa nação, mas devemos hastear ainda mais alto nossas bandeiras de lutas, investindo ainda mais na renovação das lideranças sindicais qualificando-as e preparando-as para bem nos representar. Pessoas que possam até ter alguma ligação política partidária, mas que não estejam dispostas a venderem os interesses dos trabalhadores em prol de mimos e afagos na administração pública. Pessoas que entendam o verdadeiro significado do verbo SERVIR.


* Charles Brasil, Contador da UFAC; Mestrando em Contabilidade e Administração; Discente do curso de Direito (OAB/AC 2547-E); e Escritor colaborador do Projeto Internacional de Educação de Trânsito realizado no Japão.

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